domingo, 22 de março de 2015

Da Imagem - A terra dos livres, o lar dos bravos - por Maria Simões





Leitura da Imagem


A fotografia foca-se num indivíduo de raça negra, com uma camisola com a bandeira americana estampada, numa mão tem um saco de batatas fritas, na outra, mais importante, uma lata de gás lacrimogénio. Ele está a atirá-la de volta à polícia. É uma fotografia dos protestos em Ferguson, que começaram após a morte de Michael Brown, um negro de 18 anos que se estava a render, quando foi morto por Darren Wilson, um polícia que os protestantes acreditavam ter matado o jovem por causa da sua raça. 



Criação de texto a partir da imagem


A terra dos livres, o lar dos bravos


A 29 de Agosto de 2014, Michael Brown roubou uns cigarros e empurrou o empregado de uma pequena mercearia. Wilson ouviu no rádio da polícia o que sucedera e a descrição do suspeito. Enquanto descia a rua com um amigo, Brown foi abordado pelo polícia e, apesar do primeiro contacto com os jovens não ter sido relacionado com o assalto à mercearia, Wilson reconheceu-os e impediu a sua passagem. Os jovens tentaram escapar e separaram-se, o polícia seguiu Brown e, segundo testemunhas, Michael Brown estava desarmado, com as mãos no ar a implorar que Darren Wilson não disparasse, quando este disparou 12 tiros contra o jovem de 18 anos. Crê-se que o último tenha sido fatal.

Poder-se-á dizer que o rapaz merecia ter morrido? Afinal, ele assaltou uma mercearia, ele cometeu um crime e o polícia estava a fazer o seu trabalho. Ou dever-se-á pensar que foi uma medida exagerada? Um rapaz morreu por roubar uns cigarros.

Há uns anos atrás, tirou-se uma fotografia a um polícia com a mão na garganta de um rapaz branco e o polícia foi despedido no dia seguinte. Em 2014, testemunhas viram um rapaz levar 12 tiros, enquanto implorava por misericórdia, e/mas o homem que disparou, um polícia, não foi considerado culpado. Em 2014, filmou-se outro indivíduo de raça negra, Eric Garner, a ser morto pela polícia, enquanto gritava "não consigo respirar", e o polícia que o matou não foi considerado culpado. Em 2014, o negro John Crawford, de 22 anos foi morto pela polícia, por estar a agarrar uma pistola de brincar - nas câmeras de vigilância vê-se a polícia a disparar imediatamente e sem qualquer aviso - ao contrário do que reportaram. Em 2014, Tamir Rice, uma criança de 12 anos, brincava no parque com uma pistola de brincar, um polícia disparou sobre ele nesse dia, ele morreu no dia seguinte no hospital.

Após as referidas ocorrências foram organizadas várias marchas onde se ouvia "hands up, don't shoot" ("mãos no ar, não disparem" - referindo-se à morte de Michael Brown) ou "I can't breath" ("não consigo respirar" - referindo-se à morte de Eric Garner), ou até mesmo protestos relativamente violentos que duraram mais de duas semanas. Por fim, três activistas criaram o movimento Black Lives Matter (as vidas dos negros importam), que já promoveu 670 demonstrações deste movimento em todo o mundo.

Estas pessoas morreram. Não foi por filmarem que não morreram. Não foi por terem testemunhas que não morreram. Não foi por não serem culpados que não morreram. Não foi por serem crianças que não morreram. Morreram, porque as injustiças raciais ainda são frequentes. Estas pessoas morreram, porque não são brancas.



Maria Simões, 12º C

Sem comentários: