terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Da Imagem - Liberdade - por Beatriz Matos







Leitura da Imagem:

Neste desenho é possível observar uma clara alusão à violação dos direitos humanos, mais propriamente, o direito à liberdade.
O desenho, de autor desconhecido, parece ser feito de papel, onde predomina a cor sépia com traços muito próprios de fotografia antiga, o que direciona a prática explícita para a antiguidade, isto é, algo que no mundo em que vivemos, considerado civilizado, já não deveria existir. Mas o que nos salta de imediato à visãox são os braços de uma pessoa, acorrentada pelos pulsos, com as suas mãos abertas em direção a uma borboleta, posicionada acima, o que demonstra a vontade, a ânsia de a alcançar. A contrastar com os tons melancólicos temos a borboleta, com dupla simbologia: a cor azul, que significa tranquilidade, harmonia, o céu e o infinito e a cor branca, ou também chamada de “ cor da luz”, que significa paz, pureza e luminosidade, que proporciona uma clareza total; e a borboleta em si, como animal que possui a capacidade de voar, está diretamente interligada com a liberdade de “voar no céu imenso”, de viver livre no mundo.
Esta imagem tem cariz obviamente informativo com o objetivo de alertar para esta realidade altamente cruel e condenável. 

Texto argumentativo:

Liberdade
 
Era após era, a liberdade tem sido alvo de abusos que condenam seres humanos à servidão e à submissão.     
Como é do nosso conhecimento, o animal racional é capaz de realizar atrocidades grotescas, capazes de impressionar toda a criatura amaldiçoada no Tártaro, e o roubar e proibir a liberdade índividual, será, aos meus olhos, a maior de todas elas. Ao nos ser retirada a liberdade, todas as outras práticas igualmente condenáveis estarão incluídas na mesma. Ao sermos escravos de outrém, todas as escolhas serão retiradas de nós e seremos submetidos e obrigados a executar atos que, para o indivíduo a passar por esta maldade e para os mais afortunados que não chegaram a passar por ela, serão considerados obscenos e altamente cruéis.
Sem liberdade não podemos amar, sonhar, realizar e desfrutar das qualidades do mundo em que vivemos.
Felizmente, todos os seres vivos têm, como que implementado no seu sangue, o desejo de liberdade, o que ao longo dos tempos se foi presenciando. Desde Spartacus a Joana D’Arc, existiram rebeliões atrás de rebeliões, todas elas com o desejo de se libertarem da soberania e tirania de outros. Algumas delas bem-sucedidas, outras, do ponto de vista de gerra, falhadas. Mas analisando a um nível mais profundo, existiram consequências. Consequências estas que nutriram efeitos, imediatos ou mais tardios, visto que a audácia de se revoltarem dará confiança para que outros, que se encontram na mesma situação, façam o mesmo.
A verdade é que a ideia de seremos deixados à misericórdia de alguémx nos traz terror. E é esse terror que faz com que ajamos contra esse princípio. A ausência de liberdade deveria ser combatida a todos os níveis e por todos nós, para que um dia possamos viver igualmente livres e felizes. E, por muito que tenha a noção que esta ideia quase utópica poderá ser impossível de se alcançar, a esperança e a divulgação do nosso fervor pela mesma, não se deveria esboroar. A luta pelos direitos humanos está no seu auge e é agora que devemos aproveitar ao máximo.
A liberdade, mais do que algo que foi implementado na lei, como um direito do ser humano, deveria ser algo natural e que todos, desde o berço da humanidade, deveriam possuir.
Como Helen Keller disse, “Nunca se pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar”.


Beatriz Matos, 12ºG

Da Imagem - "Outra Vez" - por Rafaela Oliveira





Leitura da Imagem:


    Na imagem, como personagem principal, temos Emma Holten, uma ativista dinamarquesa que respondeu à chantagem do seu ex-namorado que, por vingança, publicou e espalhou fotos da mesma na internet.

Tendo sido vítima de um impiedoso cyberbulling pela "brincadeira" do namorado, Emma revoltou-se e decidiu "sair por cima". Deixou-se, então, fotografar e partilhou as fotos, desta vez por sua livre vontade. É de salientar que a foto apresenta nudez, numa desmistificação do corpo e numa luta contra a coisificação da mulher.

Esta é uma das fotografias por ela publicadas, onde podemos ver Emma, como qualquer outra mulher ou ser humano, a lavar os dentes. Apresenta-se nua, de cabelo preso e com pasta dos dentes a transbordar da boca. O espelho está sujo, há toalhas penduradas na parede e um rolo de papel no lavatório. Esta é, muito provavelmente, a rotina de qualquer uma, o quotidiano quase involuntário de qualquer um, que a ativista soube explorar muito bem, com a naturalidade que a foto transmite.
Em suma, podemos afirmar que Emma Holten quis ser a voz de todas as mulheres que não se sentem bem com o seu corpo e de todos os que sofrem ou sofreram de provocações ou assédios sexuais, esclarecendo que "quer ser vista como um objeto humano, e não como objeto sexual".


Recriação Textual: 


"Outra vez"


É injusto que ganhem os hipócritas. Não concordo com a justiça do poder do diálogo. Merda. Outra vez que desaparece e volta pela passadeira vermelha. Merda outra vez.
 Consigo olhar a decadência nos olhos e julgava-me tão segura, tão sólida. Acho que é assim mesmo que funciona: salva-se quem melhor fica na fotografia.
E eu que sempre escrevi a lápis por cautela? E todas as vezes que rasurei só com um traço, como que reprovando o rancor? No final da linha isso não conta. No final da página não tem importância. No final do livro... Ai! No final do livro ninguém se lembra. E é uma constante intacta e inata.

Comecei a escrever a caneta, tinta azul, e sabe bem melhor. Não me arrependo quando troco os acentos ou não faço o parágrafo onde devia. Escrevo só para mim e eu perdoo-me. Mas não escrevo por cima de linhas, é chato. Desenho. Ou quase.

É assim que tento levar a vida, com ou sem rascunhos, em folhas brancas. E que o vento leve estas folhas e não seja agente de erosão. E amanhã mudo a página. Outra vez.




Rafaela Oliveira, 12º D

Da Imagem - o Tempo - por Pedro Oliveira






Leitura da imagem:

Na presente imagem, ilustração criada por Pawel Kuczynski, pode-se observar a construção de uma sepultura pelo movimento do pêndulo de um relógio. Logo à partida, nota-se que utiliza cores muito escuras para acentuar este plano, que se pode considerar sombrio, de um cemitério. Podemos interpretar esta imagem como sendo a enfermidade da nossa vida, ou seja, mesmo que vivamos mais dia, menos dia, isto não é nada comparado à grandiosidade do tempo em si, daí que o “tempo” se encontra a escavar a nossa sepultura.

Texto argumentativo a partir da imagem:

A vida perante o tempo

O Tempo é algo que, provavelmente, não teve início como também não deve ter fim. E a vida perante o tempo é quase como uma estrela que se encontra a par das outras, milhares de milhões que constituem o universo, desta maneira, a nossa vida é algo pura e simplesmente curta comparado ao Tempo em si, o que traz imensas limitações para nós, seres vivos.

Todos tivemos aquele sonho ou objetivo que não vimos concretizados, pois não tínhamos meios para o conseguir ou o tempo era escasso. Afinal, passamos grande parte do tempo a tentar algo que podemos vir a não conseguir. Contudo, isto não é o pior, uma vez que passamos grande parte da vida a nos prepararmos para integrar na sociedade, pelo que adiamos esse objetivo ou sonho para um tempo mais tardio e, quando damos por ele, já é tarde demais... quando esse objectivo ou sonho poderia ter dado sentido à vida.

Por fim, como a vida é curta, uma melhor organização do tempo, leva a um melhor aproveitamento da vida, e quanto menos tarde aderirmos ao nosso sonho ou objetivo mais sentido a nossa vida terá.

Pedro Oliveira, 12º D

Da Imagem - Racismo - Raquel ALves





Leitura da Imagem:

A imagem é uma pintura do artista americano Michael D’Antuono, denominada de “A Tale Of Two Hoodies”, ou seja, “Um Conto de Dois Capuchos”. Nesta, vemos em destaque duas figuras humanas: um polícia branco e um menino negro. É importante realçar o contraste entre a presença alta e poderosa do adulto caucasiano em relação à da pequena criança, indefesa. Ambos usam um capucho branco, sendo o do polícia característico da Klu Klux Klan e o do rapaz apenas parte da sua camisola. Também os dois estão a apontar algo um para o outro: o polícia está a apontar a sua arma em direção à cabeça do menino, enquanto que este lhe estende um pacote de doces.

Como pano de fundo da imagem, vemos a bandeira (suja) dos Estados Unidos da América, que se encontra rasgada no centro, revelando, assim, a “Southern Cross”, símbolo adotado por alguns grupos racistas, incluindo o KKK.

A imagem possui uma função crítica, ao realçar a injustiça da sociedade e do abuso do poder exercido pelos brancos. Destaca a supremacia branca, uma vez que, em grande parte, são os caucasianos que ocupam as posições de maior poder (como o polícia) e o facto de as mentalidades não terem realmente mudado, pois os preconceitos continuam os mesmos, sendo, talvez a maior diferença que agora se encontram mais ocultos. Embora, nesta pintura, o destaque seja a sociedade americana, a verdade é que estes problemas são mundiais.


Criação Textual:


Racismo

O racismo é, infelizmente, um tema demasiado corrente do passado e, ao contrário do que muitos pensam, da atualidade. São numerosas as situações em que se verifica discriminações contra pessoas de cor e o consequente privilégio dos brancos.

Um exemplo do privilégio das pessoas de pele branca relativamente às de cor é na procura de emprego. Apesar de possuírem qualificações e competências tão ou mais elevadas para um determinado trabalho, muitas vezes pessoas de cor não são selecionadas para estes cargos, em benefício dos brancos. Esta ocorrência é ainda mais frequente nas funções de grande poder. É fácil perceber isto quando vemos ou lemos as notícias, sendo que uma esmagadora maioria das personalidades nelas presentes – as pessoas de maior relevância no controlo do país e do mundo – são caucasianas. Basicamente, uma pessoa de cor tem de ter o dobro de capacidade e de motivação que uma branca para alcançar o mesmo nível.

Outro caso de racismo é a clara desvantagem que pessoas de cor (principalmente negros) têm face à justiça. Estes têm mais probabilidade de serem parados e revistados pela polícia, assim como de apanharem maiores penas quando condenados. Um caso mediático (entre muitos) foi o de Mike Brown, um jovem negro de 18 anos, assassinado pelo polícia Darren Wilson, apesar de não estar armado e, segundo várias provas, nem sequer constituir ameaça suficiente para o polícia. No entanto, Wilson não só não foi condenado, como ainda foi recompensado: recebeu milhares de dólares por uma entrevista, várias contribuições monetárias para a sua defesa e contou com o apoio de organizações, como a KKK.

Em conclusão, verifica-se que os atos racistas não são tema do passado, mas sim algo intrínseco na sociedade. Desde crianças são-nos incutidos certos estereótipos e ideias, dos quais temos a obrigação de nos ir libertando ao longo da vida. Não podemos assistir passivos a situações de discriminação, mas sim tentar alertar e informar as pessoas destes casos. Há que ter uma mentalidade aberta, de mudança e não de indiferença, pois, apesar de não partilharmos todos a mesma cor e cultura, somos todos humanos e temos de aprender a nos respeitar mutuamente.


Raquel Alves, 12º G