terça-feira, 1 de maio de 2012

"A mim, o que me preocupa é o que me rodeia" - a desumanidade



Preocupação:
s. f.
 
  1. Estado de um espírito ocupado por uma ideia fixa a ponto de não prestar atenção a nada mais.
  2. Inquietação.
  3. Desassossego.
  4. Pressentimento triste.


Muito honestamente, e porque o tema exige honestidade, não gosto de falar do que me preocupa, muito pelo contrário, prefiro nem demorar o pensamento por essas paragens.
O que nos rodeia, o que vemos e sabemos, preocupa-nos, pelo menos à maioria. E o que sabemos tira-nos o sono; o que não sabemos, não. Mas a mim tira-me o sono saber que há coisas que eu não sei e, mais que isso, saber que se eu as soubesse, elas me tirariam o sono.
Não há nenhuma circunstância na realidade que me preocupe, é esta mesma realidade que me preocupa, todo este egoísmo a que soa a palavra Humanidade. Admito, perdi a fé na Humanidade. As pessoas não são apenas aquilo que o mundo fez delas, ou o que as outras pessoas fizeram delas; são igualmente o que decidiram fazer com isso. Podemos sempre ser melhores, basta querermos. Mas hoje em dia ninguém parece querer… O conceito de indivíduo tornou-se a nova máxima. Pensamos sempre em nós primeiro e só depois nos outros, como se as duas coisas fossem inconciliáveis. Desistimos facilmente das relações com os outros, logo às primeiras contrariedades, por não sermos capazes de fazer sacrifícios, de ceder, de pensar um pouco no outro também. Parece que toda a ideia de relacionamento traz mais a perder que a ganhar.
E isto preocupa-me porque um dia, não tão longe assim, eu vou estar a trabalhar. E aí, que tipo de pessoa serei? Um fardo para o meu país, ou alguém que tenta fazer dele um lugar melhor, não só para nós, como para os nossos filhos e os filhos dos outros? Não tenho intenção de ver o meu nome marcado na história, mas quero sim fazer algo de útil, algo que mude o mundo, algo que contribua para a minha felicidade, mas também para a dos outros.
Não quero que as gerações que venham a seguir à nossa sejam como a que gere o mundo atualmente, que se queixa de crises, de perda de benefícios, quando metade do mundo não sabe o que isso é porque nunca teve nada! Não digo que não devemos lutar pelos nossos direitos, mas devemos lutar também por quem não tem meios de o fazer.
Sim, sou uma sonhadora, e sim, há dias em que não consigo adormecer porque tenho medo de me tornar como o resto do mundo, quando toda a vivacidade própria da idade desaparecer. Mas isso quer dizer que as coisas não me são indiferentes, certo? 
Então, sim, vale a pena.



Inês Silva, 11º A



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