quinta-feira, 4 de junho de 2009

Entre paredes





Ao olhar para esta imagem, sinto a minha consciência ser absorvida para a protecção destas finas e frágeis paredes capazes de me protegerem do mundo.
Fecho os olhos…
Como é bom sentir-me de novo protegida das atrocidades mundanas, ainda que esteja tão exposta ao perigo, que espreita a cada momento na busca de uma rápida refeição. Mas não será o caso. Não neste momento, nem agora que me sinto protegida.
Esqueço o mundo, a dor, o medo…
Sinto-me apenas protegida. Os meus olhos encontram-se fechados, e mesmo abertos, não seriam capazes de ver nada nesta quente e reconfortante escuridão que me envolve. Melhor assim… Não são enganados pela falsa beleza que o mundo usa para me seduzir a cada dia, a cada hora, a cada instante…
Mas é assim que eu quero estar: neste local quente, escuro e confortável.
Mas ó indignas paredes que me protegeis de tudo… Haveis-vos esquecido de me proteger do cantar no mundo. Miserável som que vos trespassa para me chamar…
Mas ignoro-o…
Deixo-me ficar aqui, protegida por vós, divinas paredes. É aqui que eu quero ficar até que o meu coração se canse e me dê a eterna imobilização. Mas algo brusco me abala e incomoda.
Luz…
A luz consegue entrar neste meu refúgio. O som intensifica-se, chamando-me ao seu encontro.
São as paredes.
As paredes que me envolvem desmoronam-se, deixando-me exposta ao cruel mundo que tanto ansiava ver-me.
Abro os olhos…
Finalmente verifico. Sim, estou de volta ao lugar de onde nunca saí. Entristece-me saber que, afinal, não estou protegida do mundo, nem da sua beleza, mas alegra-me saber aquilo que esta imagem me pode oferecer: o sentimento de conforto e segurança, ainda que por breves instantes.



Filipa, 12ºB

2 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Gostei muito, Filipa! So cosy!
Quantas vezes não desejamos encontrar um refúgio assim!

Rafa disse...

Gostei muito do texto filipa

xD