terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Leve...

“Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo. “




Alberto Caeiro

Este poema fascinou-me pela sua simplicidade, pelo facto de Fernando Pessoa conseguir transmitir, a partir deste heterónimo, o que é preciso para se ser feliz.
Para Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa) o mundo é visto sem necessidade de explicações, recusa o pensamento metafísico (“E eu não sei o que penso / Nem procuro sabê-lo”), insistindo naquilo a que chama “aprendizagem de desaprender”, ou seja, a apreender a não pensar. Para ele, o pensamento gera a infelicidade (“Pensar incomoda como andar à chuva”). Como ele não pensa, pois não tem necessidade de racionalizar os sentidos, a única tristeza que ele sente tem resultado do excesso de sensações.
Caeiro foi o heterónimo que melhor interpretou o Sensacionismo. Alberto Caeiro não passa além do realismo sensorial, o sentido das coisas fica reduzido à cor, forma e existência. Vive aderindo espontaneamente às coisas, tais como são, e procura gozá-las despreocupadamente.
Representando a reconstrução integral do paganismo, descreve o mundo sem pensar nele e cria um conceito de universo que não contém uma interpretação, usando uma linguagem simples, com a predominância das formas verbais no presente do indicativo. Tem um ritmo lento e ausência de rima.
PS.:Podemos observar estas características neste poema com bastante facilidade.

Andreia Senra 12ºB






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