segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A ARANHA

A ARANHA do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.


Fernando Pessoa


Escolhi este poema, pois achei-o bastante interessante pelo seu conteúdo, e mais ainda pelo seu título, um pouco “diferente do normal”, intitulado como: “A aranha”.
Na minha perspectiva, o verso”A Aranha do meu destino”, refere-se ao rumo que a vida de Pessoa levou, afinal não se pode fugir ao destino.
O verso “Faz teias de eu não pensar”, de certa forma pode ser encarado como uma ironia, podemos falar no caso de quando uma casa por exemplo é desabitada, passado algum tempo a casa acaba por ganhar teias, como todos nós sabemos, Pessoa intelectualiza o pensamento, ou seja ele pensa nas coisas da vida “não ganhando assim as teias dentro da sua cabeça”.
Pessoa quando era criança “menino”, não sabia “não soube” se era feliz, pois as crianças não racionalizam, mesmo assim agora em adulto ele tem a consciência, que quando era criança era feliz, pois agora já racionaliza vem daí “na consciência de existir”, isso vai trazer reflexos como, o seu passado (infância) ser idealizado, pois é uma época em que tudo é possível, ao contrario da prisão intelectual do presente.
Os últimos 2 versos, dão-me a sensação que Pessoa está-se a referir a algo que esteja preso, a ideia de fazer teia de muro a muro, é de ele estar na “prisão”, e ser a presa, da própria teia “suporte”, ou seja do próprio destino, nós como seres humanos, envolvemo-nos na teia para encontrar o nosso destino.

Sara Anjo 12ºB

[texto por editar pela professora]

6 comentários:

Vitorugo disse...

Gostei da tua interpretação deste poema,só que há algo que me faz confusão, e ao qual deixo à professora o previlegio da resposta.

Nos ultimos versos, Pessoa refere: "A aranha da minha sorte / Faz teia de muro a muro... / Sou presa do meu suporte."

Sem enredar pelo caminho fatalista desenvolvido pela Sara, de que nos envolvemos na "teia" para "encontrar o nosso destino", e conhecendo Pessoa, esta "teia" não poderão ser os seus pensamentos? Isto é, quando li este poema, associei a teia a uma "brainstorm", isto é, um cruzamento de muitas ideias... Afinal é isso que a teia é, um cruzamento de muitos fios.

E isso levanos a outra interpretação, se assim for: é que Pessoa não está preso ao destino, mas sim, preso aos seus pensamentos. Pensamentos esses que até são o seu suporte.
Isso leva-nos à conclusão de que afinal Pessoa não está na realidade preso aos seus pensamentos, porque são estes que o suportam, mas é ele (Pessoa) que se prende aos seus pensamentos, para ser suportado...

Enfim... terei alguma razão, ou é mera especulação?

Anónimo disse...

Muito bem Sara:)

Ho Sr. Vitor, o Sr. é que, para variar, está rodeado por essas densas e profundas teias... e nós é que temos de o aturar com infinitas questões...:) A brincar...:D
Muito bem visto, gostei da interpretação, é pena o teste de amanha ser sobre Caeiro, se não já tinha umas citaçõeszitas para fazer...ahhahh:)

Vitorugo disse...

O facto de eu estar rodeado por todas estas teias, é que me permite avançar. Não te esqueças, que só a duvida faz com que possamos avançar, ou esqueces-te de que foi a duvida que fez com que a humanidade chegasse ao que é hoje.
Portanto, vocês só acham que é um favor aturar-me, porque as vossas cabeças estão cheias de "teias"... (tou a brincar)...

Eu um dia hei-de encontrar alguém com capacidades intelectuais para me compreender, e que até irá implorar para que eu o encha desta minha sabedoria... :p

Quanto ao Pessoa, e ao Caeiro, talvez te sirva esta pequena metafora, caso prestendas colocar no teste de amanha (se çeres a tempo).
Enquanto na cabeça de Pessoa, se desenredam "teias" de pensamentos que servem para filtrar as emoções e os sentimentos.Em Caeiro, desenredam-se "teias" de sentimentos e emoções que servem para filtrar os pensamentos.

:p

Anónimo disse...

-Oh si, mi encha com sua sabidoria!!

Cláudia Amorim disse...

]:x

Ah joules de maldade!!

Fátima Inácio Gomes disse...

Ahahahah... estás a ficar irresistível Don Vítor... o Hugo!

Gostei muito da tua interpretação da "teia racional" de Pessoa. Bem visto! ;-)
E gostei bem dessa abordagem sobre a dúvida... de repente, ouvi um filósofo a falar :D

Falando de aranhas... Não percas, POR NADA, um conto da minha eleição... tu e os outros (vá lá, não fiquem com ciúmes:D )
http://www.avolta.fr/blog/index.php?2007/04/02/49-a-infinita-fiadeira&lang=fr

Por sua vez, a interpretação da Sara está MUITO BOA! Sim... os "muros" encarceram o indivíduo na prisão da vida. Deixando-nos levar pela corrente... a Razão será a carcereira ;-)

Obrigada Sara pelo belo poema!