domingo, 30 de novembro de 2008

Tudo Quanto Sonhei

Tudo quanto sonhei tenho perdido
Antes de o ter.
Um verso ao menos fique do inobtido,
Música de perder.
Pobre criança a quem não deram nada
Choras? É em vão.
Como tu choro à beira da erma estrada.
Perdi o coração.
A ti talvez, que não te têm dado,
Darão enfim...
A mim... Sei eu que duro e inato fado
Me espera a mim?

Fernando Pessoa


A escolha deste poema é complicada de explicar. Algo nele me despertou interesse. Provavelmente por causa da pobre criança que chora.
Fernando Pessoa sente a nostalgia de uma criança que passou ao lado da alegria e da ternura. Por isso, chora. Chora uma felicidade passada que ficou na infância.
Há também uma nostalgia de um bem perdido, do mundo fantástico da infância, sendo este o único momento possível de felicidade. A infância é a possibilidade, é a inocência da verdade podendo-se construir sonhos.
A infância é um tempo efémero, com princípio e fim, recordando-nos de uma felicidade que por vezes desejamos. Esta transmite, para além da felicidade, a inocência, a pureza e a segurança.
E neste poema, Pessoa, Sente a comum saudade da infância que é um tempo lembrado e esquecido.


Rosa Daniela
12ºF


[texto por editar pela professora]

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