quinta-feira, 1 de maio de 2008

Uma realidade imaginada


Numa louca cidade do litoral de Portugal vivia um casal perfeito, com muito, muito dinheiro, uma grande mansão e três filhos lindos!
Eram uma família magnífica, viviam todos felizes e contentes: nunca se viam. A mamã passava a vida em shoppings a experimentar Louis Vuitton, Prada, Gucci, Chanel, Dior, Armani, etc. Nunca comprava nada por menos de 100€. O papá era um workaolic levado aos extremos. Os filhos passavam a vida em discos a gastar o dinheiro dos papás (ou melhor, do papá!) em copos e “amigas”.
Num dia igual aos outros, os papás saíram para os seus “trabalhos”, enquanto os filhinhos chegavam a casa de uma cansativa noite.
No caminho para o shopping, a mamã cruzou-se com um sem-abrigo que “vivia” num jardim perto do novo “aliviador de stress” da zona. O sem-abrigo, ao ver uma bela senhora tão abastada, decidiu pedir-lhe uma moedinha, pois não seria difícil para ela ajudá-lo. Mas essa bela senhora decidindo ignorá-lo, ou melhor, fugir dele, com os seus pezinhos de lã, sem perder a postura. O sem-abrigo, indignado, gritou-lhe:
– Não deve ignorar os que lhe pedem ajuda, pois se algum dia precisar, ninguém estará por perto para a apoiar.
A mamã, com a sua fininha voz, num tom baixo para ninguém se aperceber que ela estava a falar com aquela criatura, respondeu:
– Não necessito de ajuda de ninguém, nem NUNCA hei-de necessitar.
E foi embora com o ar superior que todos se habituaram a ver.

Cerca de um ano depois, de madrugada, de regresso a casa, os três meninos, no Porche do mais velho, ouviam música house em altos berros, por causa da chuva e para não adormecerem devido à bebedeira, despistaram-se e caíram de uma ravina, acabando por falecer os três.
De manhã, o papá, ao estranhar a ausência dos seus “meninos de ouro” para pedir dinheiro para as propinas da universidade que andavam há anos para concluir, foi perguntar à mamã se sabia deles, mas vendo que ela não lhe ligava nenhuma, pois estava mais preocupada em escolher a mala azul ou a preta, ordenou ao mordomo da mansão para mandar os seguranças procurarem os meninos.
Nessa noite tudo mudou.

Ao descobrirem a morte dos filhinhos, os papás entraram em choque. O papá estava enterrado na sua poltrona, calado, não conseguia pensar em trabalho. Por outro lado, a mamã estava histérica, amarrada à roupa dos filhos. Toda despenteada e pálida virou-se para o marido e guinchou:
– A culpa de os nossos ricos filhinhos não estarem aqui neste momento vivos e felizes, não é deles, não é minha, mas tua, TUA! Tu é que sempre lhes facilitaste a vida: deste-lhes sempre dinheiro, roupas, carros, tudo o que queriam, nunca tiveram que se esforçar para saber o que custa a vida!
Este, ao ouvir tamanha blasfémia, gritou:
– Tu não és ninguém, NINGUÉM, para dizeres que os meninos não sabem, ou não sabiam o que custa a vida, pois gastas mais num dia que os três justos numa semana!

Pediram o divórcio. Antes de se iniciar o processo em tribunal, a mamã, ao tentar ficar com uma elevada quantia de dinheiro do marido, contratou um advogado. Por coincidência, o advogado era irmão de um homem que tinha pedido um empréstimo à família e, não conseguindo pagá-lo, a rica família confiscou-lhes os bens deixando-os na miséria. Tentando se vingar, o advogado disse à mamã que a iria ajudar e que encontraria algum documento que deixasse o papá sem nada!
Por sua vez, o papá contratou uma advogada, já com alguma idade, que lhe garantiu que a sua esposa teria algum podre e ela não tinha o direito de ficar com aquilo que aquele honrado senhor conquistou com esforço e dedicação.
O processo de divórcio iniciou-se. Durante aqueles dois meses, descobriu-se tudo: a advogada do papá chamou a depor o seu filho, melhor dizendo, o amante da mamã com quem ela gastava rios de dinheiro. Vendo que estaria prestes a perder o processo, o advogado da mamã, decidiu apresentar ao senhor Juiz os documentos que provavam que toda a riqueza do papá se devia a fraude! Emprestava dinheiro aos mais pobres e depois exigia que lhe pagassem com juros elevadíssimos, que não declarava ao fisco, e depositava numa conta na Suíça.
A sentença foi clara: o papá foi condenado a 3 anos de prisão por fraude e fuga ao fisco e teria de pagar as dívidas ao Estado, sendo-lhe confiscados os bens materiais. A mamã conseguiu o divórcio, mas ficou sem nada, pois a casa estava em nome do papá. Teve que ir viver para a rua.

Dois anos passados, estava a mamã sem nada para viver e vendo um senhor a passar decidiu pedir-lhe algum dinheiro para comer. Estendendo uma nota de 100€ o senhor perguntou:
– A senhora era aquela mulher casada com um senhor que enriqueceu a roubar os mais pobres, não é? – vendo a senhora assentir, prosseguiu – pois é, eu lembro me de si: pedi-lhe uma mísera moeda e a senhora disse que nunca precisaria da ajuda de ninguém. Pois eu precisava e ajudaram-me e agora estou aqui, disposto a ajudá-la. – virando costas olhou para trás e acrescentou – Nunca diga nunca.



Ana Filipa
11ºG

2 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Bom título. Tinhas algumas falhas na pontuação e uma ou outra na concordância verbal.

Bom uso da ironia. Tem moral da história deveras edificante! :D

Anónimo disse...

ISTOE UMA MERDA