quarta-feira, 27 de junho de 2007

Viver sempre também cansa

Viver sempre também cansa.
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.


As paisagens não se transformam.
Não cai neve vermelha,
Não há flores que voem,
A lua não tem olhos
E ninguém vai pintar olhos à lua.


Tudo é igual, mecânico e exacto.


Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem riem e digerem
sem imaginação.



E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...


E obrigam-me a viver até à Morte!



Pois não era mais humano
Morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?



Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.



Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
”Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela.”

E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
A Morte ainda menina no meu colo...


José Gomes Ferreira, Poeta Militante


Apesar de já ter sido estudado durante as nossas aulas, resolvi escolher este poema, uma vez que estou de acordo com aquilo que nos é transmitido através deste.
A meu ver, detalha as nossas vidas de uma forma diferente e espantosa. De facto, é bem verdade que chega a uma certa altura das nossas vidas e já sentimos que os nossos sonhos e objectivos estão praticamente atingidos e concretizados. Eu, como adolescente que sou, gosto de novas aventuras, de curiosidades, de novas experiências e “aflige-me” que um dia tudo isto possa desaparecer! É frustrante, mas a vida é mesmo assim!
Um outro ponto que também é abordado no poema é o facto do aspecto da Natureza não se alterar. Como é referido, o céu é sempre azul, chegando a atingir cores mais escuras, o sol também é sempre igual. Seria bom, de vez em quando, podermos alterar um pouco o aspecto das coisas. Desta forma, nada seria tão monótono.
Na minha opinião, o amor é o único sentimento capaz de nos trazer outras sensações. Eu acho que este sentimento tem o seu toque “especial”, na medida em que nos podemos tornar pessoas diferentes, encarando a vida de outra forma. Daí as coisas tomarem outro rumo.
Pois bem, espero que tenham ficado esclarecidos com a minha justificação. E José Gomes, adoro a tua maneira de interpretar a realidade!


Joana Cordeiro, 10ºA

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

:D E eu também!
Mas procura mais poemas dele!... vais ver como não vai deixar de te surpreender e encantar!